Os meses em que a separação e o divórcio ocorrem são particularmente difíceis, especialmente se isso acontece contra a sua vontade. Terá de compreender que é uma fase menos boa da sua vida e, como tal, também passará.
Depois do divórcio, reúna todas as suas forças e sangue-frio e reconstrua a sua vida, recomeçando de novo. Olhe para o passado como sendo de aprendizagem, revendo o que correu mal, o que deveria ter feito, e como pode corrigir os erros que cometeu.
Este momento não é o adequado para tomar decisões fraturantes, nomeadamente, comprar uma casa nova, mudar de cidade ou relacionar-se definitivamente com alguém. Está vulnerável. As suas decisões podem ser tomadas na base da emoção e prejudicarem-no a médio/longo prazo.
Aproveite esta fase para se ‘reconhecer’. Por regra, os problemas que levaram ao divórcio não são imputados apenas a uma das partes. Mude algumas coisas no seu comportamento para ser uma pessoa melhor.
Goze o facto de ser solteiro de novo. Pode ser difícil no início. Mas irá ver que ter tempo para si, privacidade, é importante.
Com o tempo disponível volte a encontrar velhas amizades e a fazer novas. Se se sentir confortável com isso, envolva-se com grupos de separados. Poderá aprender com eles como se dá a volta, como lidar com o seu ex. e filhos e como deve ser encarada a vida futura.
Embora esteja com os seus filhos menos tempo nada impede que esse tempo seja de maior qualidade. Antes pelo contrário. Sem descurar as regras que têm de ser seguidas (as rotinas, os deveres, o desporto) procure usufruir e partilhar com eles momentos de maior intimidade. Faça-lhes ver que a sua separação nada tem a ver com a relação com eles, dando-lhes mais tempo, atenção e amor.
Procure seguir a rotina nos momentos em que estão juntos. Evite que cada situação dessas seja algo especial. Antes pelo contrário, vá ao cinema, como ia dantes, às compras ao supermercado, faça desporto, etc.
Diga-lhes claramente que, apesar de não estarem juntos como antigamente, continuará a apostar na melhor educação possível para eles, que se envolverá nas atividades escolares deles assim como nas desportivas e outras.
Desvalorize as situações em que os seus filhos manifestam indiferença em estar consigo e, depois, ficam tristes por o deixar. Esse comportamento é, acima de tudo, uma forma de eles se protegerem emocionalmente.
Introduza um conceito de família adaptado às circunstâncias; mas não deixe de falar em ‘família’. É importante para os seus filhos compreenderem que a separação dos progenitores é meramente ‘logística’ e apenas deles, pai e mãe, e já não uma separação pais vs. filhos. Por isso, os rituais de família devem manter-se tal como antigamente: o almoço fora ao domingo, cozinhar, a ida à missa, as férias, a ida ao cinema, o jogo de futebol, etc.
Seja como for, pensando em si e no seu futuro, é natural que, mais tarde ou mais cedo, apareça outra pessoa.
Comece por se esforçar em ter uma vida social mais ativa. Com efeito, o divórcio implica também perder alguns amigos. Mas também permite recuperar outros, emprateleirados na história das memórias. Além disso, passa a ter todo o tempo do mundo para fazer novos amigos. Isso é divertido. Inscreva-se no heath club do bairro, passe a praticar um desporto, faça voluntariado, aprenda a dançar…
Deve aproveitar também esta pausa para fazer formação, concluir o curso ou aprofundar uma área de conhecimento que gosta. Em particular, se vai voltar à vida ativa, deve mesmo fazer uma reciclagem.
Depois de conhecer o/a tal, não comece a namorar sem o seu divórcio estar totalmente resolvida, especialmente a parte emocional. Iniciar uma relação afetiva prematuramente pode fazer duplicar a sua ansiedade e tornar tudo muito mais confuso.
Além disso, os seus filhos não gostarão de ver tão rapidamente substituída por outra a pessoa da qual se divorciou. Acharão que é uma intromissão. Não compreenderão como uma ligação emocional passada, tão forte, se corta tão rapidamente. Ficarão receosos e apreensivos, porque acham que, eles próprios, também podem ser facilmente substituídos.
Por isso, seja discreto naquela fase em que já namora mas ignora quanto tempo isso pode manter-se. Apresente o seu namorado aos seus filhos apenas quando tem a certeza do que sente e do que pretende fazer no futuro.
Deve usar da mesma descrição com o seu ex., em particular, se a vontade de se divorciar foi sua. Evite aquelas situações desagradáveis que dão a entender que trocou o cônjuge por outra pessoa… Aliás, é de bom tom ele saber disso por si e não pelos seus filhos ou por terceiros.
Não estranhe se se sentir inseguro e ansioso nos primeiros tempos de namoro. Quanto mais tempo o seu casamento durou mais naturalmente isso acontecerá.